Francisco Stockinger
Francisco Alexandre Stockinger (Traun, 7 de agosto de 1919 — Porto Alegre, 12 de abril de 2009), dito Xico Stockinger, foi um artista plástico austríaco, naturalizado brasileiro. Destacou-se como um dos principais escultores modernos brasileiros, tendo sido também gravurista, fotógrafo, chargista, artista gráfico e gestor cultural.
Filho de pai austríaco e de mãe inglesa, Franz Alexander Stockinger nasceu em Traun, Alta Áustria. Quando tinha três anos e pouco a família emigrou para o Brasil, em fevereiro de 1923. Foram para o interior do município de Santo Anastácio, na fronteira do estado de São Paulo com o Mato Grosso do Sul. Por volta de 1929, mudou-se com a mãe para capital paulista, onde foi interno no Colégio Mackenzie. Por volta de 1937, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Lá, entre outas atividades, fez curso de piloto no Aeroclube do Brasil, realizando um sonho de infância. Dois anos depois, entrou para a Navegação Aérea Brasileira (NAB), companhia aérea na qual fez curso de voo por instrumentos e um curso de Meteorologia, exercendo na empresa o cargo de Previsor do Tempo para a Aviação, por vários anos.
Em 1946, há referências que Stockinger tenha iniciado seus estudos artísticos no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro,[1] embora essa informação jamais tenha sido confirmada por nenhum tipo de documento, conforme se percebe pela pesquisa de seis anos que resultou no livro "Stockinger - Vida e Obra", de José Francisco Alves (Chico Alves), em 2012.[2] Corrobora com isso o que o próprio Stockinger escreveu, sobre suas tentativas iniciais de estudo em arte. Foram as frustadas aulas com o pintor Pedro Bruno, que o obrigou a desenhar, por dois meses seguidos, os busto de Sócrates, fazendo-o desistir. Posteriormente, no que seria o "Liceu", o artista entrou por uma porta e saiu por outra, uma vez que, na primeira aula, colocaram em sua frente justamente o busto de Sócrates! [3] Mas foi sob indicação do pintor Clóvis Graciano, no mesmo ano de 1946, que Xico Stockinger finalmente iniciou seus estudos em escultura, com Bruno Giorgi, no ateliê desse escultor que funcionava no antigo Hospício da Praia Vermelha, Rio de Janeiro. Conviveu também com Oswaldo Goeldi, Marcelo Grassmann e Maria Leontina.[4] Nesse período, a sua profissão era a de previsor do tempo, mas atuava também como caricaturista e paginador na imprensa carioca. Em especial, foi um "faz tudo" (diagramação, charges, caricaturas, ilustrações) no pasquim O Cangaceiro, entre 1953 e 1954.[5]
Em 1954, Stockinger se transferiu para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, para trabalhar no jornal que estava sendo criado, A Hora, que iniciou a circular em novembro daquele ano. Lá, foi paginador, caricaturista, ilustrador e cronista de humor, cuja coluna, "Diário de Porto Alegre", era feita a "quatro mãos" com o jornalista Josué Guimarães. Em 1956, demitiu-se do jornal por solidariedade a colegas demitidos em conflitos profissionais do pessoal de redação com os proprietários do jornal. Desempregado e com dois filhos pequenos (Jussara Maria, 1950, e Francisco, 1951), começou a produzir xilogravura e foi eleito Presidente da Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa (fundada em 1938), por três mandatos consecutivos. Em 31 de dezembro de 1958 naturalizou-se brasileiro.[1]
Em 1961, juntamente com crítico e professor Carlos Scarinci, organizou e foi o primeiro diretor do Atelier Livre da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, função na qual permaneceu até meados de 1964. Ainda em 1961, foi ser caricaturista, chargista e cronista de humor no jornal Folha da Tarde (Porto Alegre), até 1973, ano em que passou a dedicar-se excusivamente à produção artística. Em 1963, foi diretor do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, ocupando o cargo por cerca de um ano. Em 1967, foi novamente diretor do museu, quando também acumulou a direção da Divisão de Artes do Departamento de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura do Rio Grande do Sul.[6].
Em 1974 foi submetido a cirurgia cardíaca em São Paulo, contraiu hepatite pós-operatória, sendo obrigado a fazer repouso. Nessa época, começou a cultivar cactos, atividade na qual era uma das autoridades na América Latina. Residia no bairro Cristal, na zona sul de Porto Alegre.[7]
É de autoria de Stockinger com Eloisa Tregnago um conjunto de duas esculturas de bronze, obra pública entre as mais famosas de Porto Alegre, na Praça da Alfândega: Carlos Drummond de Andrade em pé, lê para Mário Quintana, sentado em um banco,[6], as quais compõem o Monumento à Literatura, inaugurado em 26 de outubro de 2001.
Recebeu, em 1994, o título de cidadão honorário de Porto Alegre e, em 1997, o prêmio do Ministério da Cultura na área de artes plásticas.[4]
Em 1986 foi operado pela segunda vez das coronárias, em São Paulo. Com mais de 80 anos de idade, Xico Stockinger continuou ativo e produzindo até sua morte, em abril de 2009, a poucos meses de completar noventa anos. Realizou mais de 30 exposições individuais, além de ter participado de dezenas de mostras coletivas.[1]
Fonte: Wikipedia
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